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domingo, 23 de setembro de 2012

Eu, Alberto e o sonho

Nada como uma mesa posta, no café da manhã de domingo, para estimular um bate-papo.

Alberto se sentara numa das cadeiras da sala e conversávamos sem pressa, como aliás deveria ser toda boa conversa.

Eu contava a respeito de um sonho que tivera. Havia sido um sonho muito nítido, o mais nítido de toda minha vida, com sensação, mesmo, de realidade: nesse sonho eu estava numa espécie de biblioteca, onde várias pessoas circulavam calmamente. No alto de uma escadaria, estavam duas pessoas. Eu, distraído, percebia que lá estavam essas pessoas, mas não me atentei para suas identidades.

Quando olhei detidamente para essa escadaria, percebi que a pessoa de trás era minha mãe. Sua imagem era tão nítida e verdadeira como se ainda estivesse viva. Eu, entusiasmado por reencontrá-la, pois já fazia alguns anos que eu não a via viva, gritei lá de baixo, eufórico:

- Oi, mãe!

E lembrei-me de ter pensado, durante o sonho, como quem está acordado pensaria: " - mas, você não morreu? Como posso estar falando com você?"

- Oi, filho! - Ela respondeu, e sorriu.

Contei ao Alberto que, depois que acordei, eu não havia percebido imediatamente o significado daquele sonho. Mas pouco depois, pareceu ficar claro que minha falecida mãe aparecera para mim em sonho, com um único objetivo: indicar um livro, na parte de cima de sua biblioteca particular, que gostaria que eu lesse! Pronto! Estava desvendado o mistério!

Alberto, que ouvia pacientemente, e que não concorda que as coisas tenham significado, disse apenas, com uma benevolência maior que de costume:

- Não poderia ser que amasses muito tua mãe, a ponto de sonhares com ela ainda hoje? Não poderia ser apenas isso? Apenas um sonho?

Ninguém mais disse nada até terminarmos o café. Depois me levantei, deixei o Alberto sentado por alguns instantes, fui até a biblioteca da casa de minha mãe e tomei um livro para ler, que se encontrava na parte superior esquerda da estante do meu sonho.

Gilberto de Almeida
23/09/2012


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