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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Poesias da Vida - XXII

(Juliana Paula Landim)

Quem já viu, sabe;
para quem não viu, vou tentar descrever:

Num caldeirão grande ,os carangueijos são colocados na água fria. Vivos.
Devagarinho a água vai se aquecendo, e os pobrezinhos vão ficando agitados. Claro, querendo fugir.
Uns sobem por sobre os outros.
Há aqueles que tem a verdadeira chance de fugir da morte. 
Chegam bem perto da borda do caldeirão, a ponto de, quase, escapar.

Mas os da sua espécie, o que fazem?
Puxam-nos de volta com suas pinças!
Ninguém foge, ninguém sobrevive!
Todos acabam fervidos vivos!

Pois bem, eu assistia a essa cena horripilante em Itanhaém, quando o telefone - fixo - tocou. (pois é, lá, ainda temos!)

Falecimento de um primo!

E aquela choradeira,
Aquela conversa de por quê tinha que acontecer isso?
Aquele clima de querer agarrar o coitado pela goela e de querer trazê-lo de volta a todo custo para esse nosso mundinho egoísta!

Mas, como poetisa que se presta imagina o que ninguém imagina, o que fiz eu?

Logo imaginei o pobre, tentando, após anos cozinhando, finalmente fugir do caldeirão.
E a parentada e a amigada - provando que esse mundinho de fato é egoísta -
erguendo as pinças pra trazer o tadinho de volta!

Deixa o coitado fugir, porra!
Deixa o coitado viver sossegado fora da panela!
Ou vão querer que todos sejamos fervidos vivos?

Vai com Deus, primo!

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