Pesquisar neste blog

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Eu, Alberto, os livros e a natureza

Não é que minha amizade pelo Alberto houvesse esfriado, longe disso!
Apenas seguíamos caminhos um tanto diferentes nos últimos meses.
Porém, ontem à noite, tive saudade.
Procurei em todos os bolsos, procurei na mochila que sempre me acompanha, mas nada!
A evidência era óbvia: 
- Depois de todo esse tempo, eu perdera o Alberto de vista.

Amanheceu outro dia e, como numa resposta à minha evocação involuntária da véspera,
foi o Alberto materializando-se em meu pensamento
até sentar-se à mesa posta
para uma bem-vinda conversa ao café da manhã.

Quem nos conhece, sabe que nem eu nem o Alberto somos afeiçoados à tagarelice sem proveito.
Assim é que nossa conversa transcorreu em agradável mutismo,
mas em inefável contentamento até que o Alberto me perguntou:

- E as leituras?

- Ando lendo, ando lendo!

Não me dei conta de que acabara de dizer uma verdade quase literal. 
Nesse intervalo de ausência involuntária a que eu e Alberto, mutuamente, nos consagráramos,
vinha eu lendo mais e mais. Parecia que, de algum tempo para cá, eu despertara para a consciência a respeito da minha estupenda ignorância. E a vontade de aprender dominava-me completamente.

Em algumas ocasiões - isso não é exagero! - devorava meus livros enquanto caminhava pelas ruas e,
o que é mais grave, enquanto dirigia em meio ao trânsito congestionado de São Paulo. Aproveitava também os intervalos entre um e outro atendimentos aos pacientes no trabalho, os momentos no Trem ou à espera dele, os intervalos das refeições, as filas dos bancos... Mas, curiosamente, reparava, poucas ou nenhumas outras pessoas aproveitavam o tempo da mesma maneira! Será que já sabiam tudo?

- Lá no campo, não temos filas! - Interrompeu o Alberto, fazendo-me retornar ao plano físico, do mundo de meus devaneios.

- Mas você lê? - Perguntei - sem atinar de imediato que meu amigo parecia ter captado meu pensamento.

- Leio a Bíblia. E leio a natureza.

- E você acredita no que lê nos livros?

- Acredito, sim!

Foi assim que, inevitavelmente, surpreendi-me a considerar que meu amigo Alberto precisava urgentemente de outras leituras...

E, é claro, considerei também que eu necessitava de muito mais natureza...